Preensibilidade e perspectivismo inter-espeécie (por Mathias Reis)

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"Não existe nenhuma floresta como mundo-próprio objetivamente bem determinado, mas sim uma floresta do couteiro, do caçador, do botânico, do passeante, do amante da Natureza, do homem que vai à lenha ou do que anda às bagas, ou a floresta da fábula em que Hansel e Gretei se perdem.» Os significados da floresta contam-se por milhares, se nos não limitarmos às suas relações com sujeitos humanos e se também tomarmos em consideração os animais (...) Limita-se, antes, a incluir o que poderia chamar-se a descrição de um passeio por mundos desconhecidos. Estes mundos não são apenas desconhecidos, são também invisíveis: mais do que isso: o seu direito de existir é-lhes, em geral, contestado por muitos fisiólogos e zoólogos" (UEXKULL, dos animais e dos homens)



Figura 1 e 2: Intensidades de preensão dos macacos, aqui na mata sta. genebra, os mais comuns são os macacos-prego




A preensibilidade é a capacidade de se agarrar em alguma coisa, aqui fazemos um destaque aos macacos, que tem mecanismos de apreensão sem que, como as lianas/trepadeiras tenham de se fixar com uma raiz no chão. Intensidades de preensão itinerante, ou, nômade. Os bebês humanos já em seu primeiro dia de vida também já aprensentam esses reflexos.






Figura 3,4 e 5: Ter vasos grandes é importante para as plantas com caules estreitos porque a taxa de fluxo pelos vasos do xilema aumenta com a quarta potência do raio; a capacidade de condução de xilema de lianas com caules ainda mais estreitos é, portanto, maior ( Schenck 1892, Zimmermann, 1983, Ewers et al., 1991).  Conseqüentemente, por área de seção transversal unitária, os caules das trepadeiras podem suportar hidraulicamente áreas totais de folhas mais largas do que outras árvores.



Ter uma raiz é aparentemente uma desvantagem das lianas/trepadeiras em relação a itnerância das preensões de um macaco, no entanto, o que parece uma desfunção assume uma outra intensidade cara:



As lianas proporcionam importantes caminhos entre as copas para muitos animais que vivem nos dosséis e também são importantes engenheiros do ecossistema. Sem essas conexões de trepadeiras, movimentar-se de um árvore para outra exigiria que os animais descessem até o chão, onde estariam muito suscetíveis à predação (Emmons & Gentry 1983, Putz et al. 2001).




"Quem se agarrar ao preconceito de que todos os seres vivos são apenas máquinas, perde toda a esperança de vir jamais a lobrigar os seus mundos-próprios.  Mas quem ainda não se ajuramentou na doutrina mecanista dos seres vivos, pode prosseguir nas suas especulações. Todos os nossos dispositivos e todos os nossos maquinismos não passam de meios auxiliares das atividades do homem. É esta, de fato, a maneira de ver de todos os mecanistas teóricos, quer, até certo ponto, se inclinem mais no sentido de pensar num mecanismo rígido, quer no de um dinamismo plástico. Os animais ficam, pois, taxados de meros objetos. Com o que se esquece que, desde logo, se pôs de parte o que é essencial, isto é, o sujeito, o qual se utiliza do instrumento auxiliar, com ele assinala e com ele atua. Quem, porém, ainda considera que os nossos órgãos dos sentidos servem para o nosso assinalar e os nossos órgãos de movimento servem para o nosso atuar, verá nos animais, não apenas um sistema mecânico, mas discernirá também o maquinista que se aloja nos órgãos, como nós próprios no nosso corpo. Então considerará os animais, não já como meros objetos, mas como sujeitos, cuja atividade essencial consiste em assinalar e atuar. Com o fazê-lo abre-se já a porta que conduz aos mundos-próprios animais, porque tudo aquilo que um sujeito assinala passa a ser o seu mundo-de-percepção, e o que ele realiza, o seu mundo-de-acção. Mundo-de-percepção e mundo-de-acção constituem uma unidade íntegra — o mundo-próprio do sujeito." (UEXKULL, dos animais e dos homens)


Que técnicas e tecnologias, ainda que pareçam uma sustentação escura, (como as que buscam as trepadeiras) podem se encontrar com intensidades dos mecanismos de preensão inter-espécie? 





Singularidades do vergalhão de aço se encontram com intensidades lianas? Tensão da matéria e de sujeitos inter-espécie. Matéria como movimento de singularidades confundíveis e devires do bicho-homem.












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